A busca pela forma mais eficiente de registrar informações remonta a tempos imemoriais. Antes mesmo do advento da escrita como a conhecemos hoje, os povos antigos sentiram a necessidade de preservar suas experiências por meio de representações visuais.
Desde as pinturas rupestres em cavernas até as gravuras em árvores, pedras e tábuas de argila, as civilizações primordiais buscaram meios de comunicação visual duráveis. No entanto, à medida que as sociedades evoluíam, surgiu a demanda por um material mais acessível e versátil para essa finalidade.
É nesse contexto que a fascinante história do papel tem seu início, como uma das inovações mais influentes na trajetória humana. Agora, exploraremos a origem desse material revolucionário e seu impacto na disseminação do conhecimento ao longo dos séculos.
Tudo começou com a origem do Papiro
Entre as maravilhas da civilização antiga do Egito, destaca-se o surgimento de um dos primeiros materiais de escrita: o papiro. O Egito antigo era uma sociedade notável por seu avanço tecnológico, com sistemas de engenharia impressionantes e uma complexa rede de água encanada. Foi nesse cenário de progresso que o papiro, considerado o precursor do papel, ganhou vida.
O papiro era uma planta que crescia em abundância na região, fornecendo aos egípcios uma matéria-prima versátil. Inicialmente, as fibras desta planta eram utilizadas para fazer cestos, cordas e outros objetos utilitários. No entanto, os egípcios perceberam o potencial dessas fibras para a criação de um material de escrita durável e eficaz.
A fabricação do papel de papiro envolvia um processo meticuloso. As tiras de fibras de papiro eram cuidadosamente dispostas lado a lado e sobrepostas em camadas, formando uma superfície coesa. Em seguida, essas camadas eram prensadas e secas, resultando em folhas finas e flexíveis de papel. A textura porosa do papiro permitia que ele absorvesse tinta de forma excepcional, tornando-o ideal para a escrita.
O papiro surgiu por volta de 3000 a.C e serviu como um meio essencial para a escrita egípcia, registrando desde textos religiosos e literatura até documentos administrativos e correspondências. Sua popularidade se estendeu além das fronteiras do Egito, alcançando outras civilizações do mundo antigo.
A origem do Pergaminho
A história mais popular diz que na época em que a Biblioteca de Alexandria, no Egito, estava em pleno crescimento e ascensão, rumores sobre os planos dos gregos de construírem uma grande biblioteca em Pérgamo começaram a circular. Ao saber disso, os governantes do Egito tomaram medidas drásticas para preservar a supremacia da Biblioteca de Alexandria.
Com o objetivo de garantir que a Biblioteca de Alexandria permanecesse a maior do mundo, as autoridades egípcias proibiram a exportação de papiro para Pérgamo, uma vez que o papiro era o principal material de escrita utilizado na época. Essa proibição foi uma motivação importante para as autoridades de Pérgamo encontrarem uma alternativa ao papiro.
Foi assim que, por volta do século II a.C., o pergaminho surgiu na cidade de Pérgamo. O pergaminho era feito a partir de peles de animais, como cabras, ovelhas ou bois. O processo de fabricação envolvia a remoção da pele dos animais e o tratamento cuidadoso para torná-la fina, lisa e resistente. Essas folhas de pele eram então cortadas em tiras e unidas para formar rolos flexíveis, semelhantes aos utilizados no papiro.
O pergaminho rapidamente ganhou popularidade como um substituto viável para o papiro. Ele possuía vantagens significativas, como maior durabilidade e resistência, além de permitir a escrita em ambos os lados das folhas. Além disso, o pergaminho era mais adequado para rolagem, facilitando o manuseio e o transporte de textos extensos.
A inovação do pergaminho teve um impacto profundo no mundo antigo, impulsionando o avanço da escrita e o crescimento das bibliotecas. O pergaminho se tornou o material preferido para a escrita e cópia de obras literárias, textos religiosos, documentos legais e científicos.
A história do papel e sua origem
Após os pergaminhos feitos de couro curtido de bovinos, que se mostraram mais resistentes, chegou o momento em que o papel foi inventado, cerca de 105 anos depois de Cristo (d.C.), na China, por um homem chamado T’sai Lun.
Ele criou uma massa úmida misturando casca de amoreira, cânhamo, sobras de roupas e outros materiais derivados de fibras vegetais. Essa massa foi batida até formar uma pasta, depois peneirada para obter uma fina camada que foi deixada para secar ao sol. Após a secagem, a folha de papel estava pronta!
No entanto, essa técnica foi mantida em segredo, pois o comércio de papel era extremamente lucrativo.
A difusão do papel pelo mundo
Foi somente 500 anos depois da invenção do papel que os japoneses tiveram seu primeiro contato com esse material, graças aos monges budistas coreanos que visitaram o país.
Em 751 d.C., os chineses tentaram conquistar uma cidade controlada pelos árabes, mas foram derrotados. Em meio a este conflito, alguns artesãos chineses foram capturados, e a tecnologia de fabricação de papel deixou de ser um monopólio chinês e se espalhou.
Com o passar do tempo, o processo básico de fabricação de papel desenvolvido por T’sai Lun foi aprimorado, permitindo uma incrível diversidade de texturas, cores, maleabilidade, resistência, entre outros atributos. Essas inovações proporcionaram um vasto leque de opções de papéis.
Curiosidades sobre o papel
- A palavra papel vem do latim papyrus e faz referência ao papiro.
- Para produzir 1 tonelada de papel, são necessárias cerca de 24 árvores em média.
- A escolha da madeira e da planta para a produção de papel depende da quantidade e qualidade desejadas.
- Na produção industrial de papel, são utilizadas principalmente duas espécies de árvores cultivadas em larga escala: pinheiro (Pinus sp.) e eucalipto (Eucalyptus sp.).
- Essas árvores são originárias da Europa e da Austrália, respectivamente.
- O uso de madeiras provenientes de reflorestamento na fabricação de papel contribui para reduzir as práticas de desmatamento e preservar as florestas naturais.
- A reciclagem do papel é uma prática que ajuda a mitigar os problemas ambientais associados ao consumo de papel.
A primeira fábrica de papel do Brasil
Todo papel usado no Brasil era importado do exterior e devido a crise instalada pela segunda guerra mundial a comercialização do papel foi interrompida. Com isso, o Brasil começou a buscar meios de fabricar o seu próprio papel, durante o governo do então presidente Getúlio Vargas.
A primeira fábrica de papel e celulose do Brasil foi fundada em 1940 na cidade de Telêmaco Borba no estado do Paraná com o apoio do governo federal, chamada de indústria Klabin. Toda a instalação da fábrica englobava a construção da vila para os colaboradores, uma usina hidrelétrica para geração de energia e um aeroporto para facilitar o acesso.
Confira a história da primeira fábrica de papel do Brasil nesse pequeno documentário: